quarta-feira, 13 de maio de 2015

A Importância do Mercado Financeiro

Regulamentação, Inflação, e Juros

Parece uma coisa óbvia, mas o governo brasileiro não parece entender o quanto o mercado financeiro é importante para o desenvolvimento do país.  Mas há muitos fatores envolvidos.  Para que o país cresça, é necessário que haja investimento privado.  Para os empresários investirem, criando empregos e estimulando a economia, é necessário que eles corram certos riscos.  É aí que entra o mercado financeiro.  Empresários nem sempre terão o valor necessário para o investimento que precisam fazer. Um mercado financeiro bem desenvolvido possibilita aos investidores o acesso aos fundos que eles precisam para investir.  Mas o que compõe um sistema financeiro saudável?  Como o mercado financeiro vem a se tornar bem desenvolvido?  Podemos citar muitas coisas como componentes desejáveis para um mercado financeiro.  Mas eu considero algumas coisas como imprencindíveis para o desenvolvimento do mercado financeiro.  É necessário termos regras clares e estáveis, para que todos os investidores saibam o que esperar e entendam como se comportar.  Precisamos de condições econômicas estáveis, com baixa inflação e moeda forte.  E também é importante que as taxas de juros estejam de acordo com as expectativas do mercado, e não com os desejos e necessidades do governo.

Os Estados Unidos são hoje a maior potência mundial porque tinham um ambiente propício a negócios.  Qualquer pessoa poderia engajar em qualquer tipo de negociação com outra, sem muita interferência do governo.  O desenvolvimento do mercado financeiro nos EUA é reflexo disso.  Com os anos, isso foi mudando.  Mas houve um impacto na cultura do povo.  As pessoas não tem tolerância para contantes altas nos preços, apesar de que nem todos estão atentos à inflação na quantidade de moeda.  A grande maioria dos americanos está, em uma forma ou outra, exposto ao mercado financeiro.  Os trabalhadores tem planos de aposentadoria repletos de ações das mais diversas companhias.  Quem compra casa precisa qualquer tipo de financiamento, também não encontra dificuldades.  As regras do jogo ainda são claras!  Apesar do aumento considerável na quantidade de regulamentação durante os anos, ainda é um país onde as pessoas tem confiança de que se pode investir.  O economista e pesquisador Patrick McLaughlin da George Mason University revelou, em sua pesquisa, que a quantidade de regulamentação nos EUA aumentou dezoito vezes, entre 1950 e 2013.  O Brasil não fica atrás.  É um país de leis desnecessárias e excessívas.  Se nos EUA, é estimado que um aumento de 10% em regulamentações causa um impacto negativo de 0,5% sobre o crescimento do PIB, podemos imaginar o quanto as regulamentações brasileiras atrapalham o nosso crescimento.  Para que o mercado financeiro e o país possam se desenvolver as regras devem ser poucas e claras.

Nós brasileiros estamos acostumados com uma realidade que poucos países desenvolvidos viram – a realidade da inflação!  E para o Brasil, ainda foi pior: nós vivenciamos a hiperinflação! Um europeu ou um americano dificilmente entenderá o que é correr na frente do funcionário do mercado antes que ele remarque o preço do produto que você quer comprar.  Mesmo as gerações mais jovens no Brasil não sabem o que é isso.  O impacto desse descontrole não fica restrito às compras do mês.  Mesmo uma inflação de 6% ao ano já causa um impacto no mercado financeiro.  A moeda não inspira confiança, as pessoas procuram investimentos menos arriscados.  Cria-se a cultura de bens físicos e não financeiros.  As pessoas compram apenas apartamentos, fazendas, ou até mesmo carros, pois com a inflação, esses bens parecem investimentos.

Com a inflação, vem outro problema – as taxas de juros.  Taxas de juros muito baixas causam negligência.  Alguns investidores acabam investindo de forma irresponsável.  Muitos negócios são abertos sem a análise correta de sua viabilidade.  Investimentos malfeitos acabam quebrando por si, mesmo sem interferência de outros fatores.  Nesses casos, acaba havendo um excesso de liquidez na bolsa de valores.  Infelizmente, simplismente não há lugar para todas as idéias.  Umas são boas, outras não.  Por outro lado, as taxas de juros muito altas impossibilitam o investimento.  Torna-se muito caro para os empresários tomarem dinheiro emprestado junto ao banco.  Da mesma forma, captar dinheiro no mercado financeiro fica inviável, pois os investidores migram para produtos de renda fixa, que são mais seguros e pagam bem. 

Por isso nós vimos um crescimento explosivo nos investimentos em bolsa de valores no Brasil a partir da entrada do Plano Real.  Uma moeda considerada forte e condições econômicas favoráveis possibilitaram esse desenvolvimento.  O Brasil cresceu, mas parou.  Agora nos vemos diante de uma situação caótica.  O país está sofrendo com um excesso de regulamentações e a inflação está fora de controle.  A meta de inflação do Banco Central de 4,5% já pode ser considerada muito alta.  O governo não consegue mantê-la abaixo do topo da meta, de 6,5%.  O BNDES subsidia empréstimos a investimentos de qualidade duvidável, o que aumenta a probabilidade de quebra desses negócios.  Para que o Brasil possa crescer, é necessário que o governo saia do caminho, pare de gerar inflação com seus gastos excessivos, pare de tentar microgerenciar a economia.  Acima de tudo, é necessário que a taxa de juros seja natural.  Como o juro é o custo do dinheiro, ele deve ser determinado pela oferta e demanda, como todos os outros produtos na economia.  Só assim o Brasil crescerá!